Para a Habita, a crise da habitação não é uma novidade. Há décadas que assola a vida das pessoas mais pobres e vulneráveis. Esta crise só se tem alargado e agudizado. Uns vão cada vez melhor, à custa de quase todos, que vão cada vez pior.
Tornou-se um calvário em quase todo o país aceder a habitação. As poucas casas disponíveis têm rendas impossíveis de pagar para a esmagadora maioria da população.
A crise da habitação não é uma fatalidade nem uma inevitabilidade. É o resultado de políticas implementadas por este e os anteriores Governos, assentes num triste modelo de desenvolvimentos para o país, ancorado na especulação imobiliária, numa defesa cega da propriedade e daqueles que têm dinheiro para comprar cidades inteiras!
O Estado continua a proteger os interesses daqueles que querem fazer das nossas casas uma mercadoria, em detrimento do nosso direito fundamental a habitar.
Não queremos um Estado que subsidia a especulação, os lucros dos senhorios e da banca, mas despeja e demole bairros inteiros impiedosamente e acha que a garantia de alternativas habitacionais dignas se cumpre empurrando as pessoas para pensões ou centros de acolhimento temporário.
Não queremos que as únicas soluções possíveis sejam viver numa casa sobrelotada, ou numa casa insalubre que nos faz ficar doentes, ou ocupar uma casa municipal e viver dia após dia sob a ameaça de ter um batalhão de polícia e assistentes sociais a bater à porta, prontos para nos deixar na rua, indiferentes à presença de crianças, uma das facetas mais vis e desprezíveis do Estado.
Não queremos cidades cheias de turistas e vazias de laços de vizinhança. Não queremos cidades transformadas em tabuleiros de monopólio. Não queremos que as colectividades e as associações desapareçam. A luta pela habitação é também uma luta pelas nossas casas colectivas, onde podemos encontrar amigos e companheiros.
Não queremos migalhas, queremos o pão inteiro e queremos rosas!
Queremos que toda a gente tenha uma habitação digna, que não haja casas vazias onde podia morar gente, que a habitação cumpra a sua função social, queremos rendas indexadas ao valor real do trabalho, queremos a estabilidade dos contratos, queremos o fim dos incentivos à especulação imobiliária em todas as suas facetas, queremos mais habitação pública e social. Queremos a solidariedade acima da propriedade!
Qualquer outra coisa não nos serve!
Os problemas de habitação não são um problema individual, não são culpa de quem os sofre. São um problema estrutural que só pode ser resolvido se nos unirmos e lutarmos juntas!
Ocuparemos praças e ruas para reivindicar uma mudança radical, até sermos ouvidas!
A cidade é de quem a vive, a casa de quem a Habita!