No passado dia 26 de Janeiro, a Habita e a Stop Despejos estiveram em apoio a um grupo de mulheres que se inscreveram para falar na reunião pública da CMLisboa e, não tendo sido admitidas, fizeram-se ouvir cá fora, numa verdadeira reunião pública de resistência aos despejos.
A Gebalis, empresa municipal de gestão, está a notificar muitas famílias para abandonarem as casas em que vivem, mesmo enquanto os números da pandemia sobem. O seu presidente Fernando Teixeira espera retomar brevemente os despejos que foram “prejudicados pela pandemia”.
Mercê da nossa persistência, acabámos a ser ouvidas pelo assessor do Presidente, Afonso Costa, a quem foi demonstrado que foi por necessidade extrema que se ocuparam casas que estiveram vazias durante vários anos, devolvendo-lhes o uso para que foram construídas: ser um lar.
Ficou demonstrado que não se trata de casos individualizados, ocasionais e raros: são muitas dezenas, até centenas de famílias que vivem sob ameaça permanente de serem legalmente despejadas num prazo de poucos dias.
Deixámos à CMLisboa, que tutela a Gebalis, uma questão fundamental que esperamos ver respondida: o que pensam fazer com as centenas de pessoas que ficarão na rua por acção desses despejos a retomar brevemente? Entre elas há idosos e doentes, há crianças que ficarão para sempre marcadas por esta violência infligida pelo próprio Estado.
As actuais rendas de mercado não estão ao alcance de uma grande quantidade de famílias que sobrevivem com salários baixos e trabalhos precários, sobretudo quando se trata de famílias monoparentais, as quais são, na sua maioria, encabeçadas por mulheres.