Se a crise de habitação já era uma lamentável realidade antes da crise pandémica, atualmente, um número crescente de pessoas, vê ainda mais difícil e incerta a sua situação habitacional. O desemprego e a enorme perda de rendimentos tem deixado muita gente à beira da rotura, sem pagar as rendas, sofrem enormes pressões dos senhorios. Muitas não aguentam e abandonam as casas que habitam ou são expulsas por proprietários que não cumprem a suspensão dos despejos.
As medidas para responder à crise de habitação têm sido insuficientes, faltam medidas de emergência e soluções imediatas. Se assim não fosse não teríamos o número de pessoas sem abrigo a aumentar brutalmente (amontoando-se em ginásios e abrigos coletivos), não teríamos pessoas a viver em barracas sem água sequer para lavar as mãos, não teríamos tantos jovens, desempregados, a abandonar as casas que partilhavam e que deixaram de conseguir pagar, não teríamos famílias que perdem a casa, não teríamos o aumento de famílias em sobrelotação e o aumento da infecção Covid19 dentro de casa.
Apesar da quebra do turismo – que veio reafirmar a enorme vulnerabilidade económica de um país que se deixou tornar dependente deste sector de baixa produtividade, que paga mal e contribuiu para a crise e desigualdade na habitação – o preço das casas não caiu o necessário para que o mercado se torne razoável e seja novamente possível habitar de acordo com os rendimentos.O mercado imobiliário esteve em alta durante vários meses da pandemia, os vistos gold, ao contrário das promessas do governo não acabaram e, neste momento de crise, os fundos preparam-se para açambarcar os chamados activos imobiliários, aproveitando-se da situação.
Perante a crise pandémica e todos os problemas económicos e sociais decorrentes, a habitação não pode continuar a ser factor de aprofundamento da pobreza e da desigualdade. A política de habitação é crucial para responder à crise de habitação. Por isso neste mês de discussão do orçamento vimos relembrar a questão da habitação a todas as forças parlamentares e ao governo. O silêncio sobre este tema é ensurdecedor. Por isso fazemos barulho pela Habitação!
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