No dia 1 de Abril milhares de pessoas saíram à rua em várias cidades do país pelo direito à habitação, pelo direito à cidade e para denunciar o custo de vida exorbitante que nos sufoca, assinalando os Housing Action Days 2023, uma semana de acções coordenadas por toda a Europa. Ocupámos avenidas, ruas e praças porque queremos casa para viver e cidades em que nos reconheçamos. Uma demonstração de força popular que só foi possível graças à organização autónoma, colectiva, solidária e horizontal que juntou dezenas de colectivos e associações em torno de um objectivo comum.
E porque a luta não se faz sem alegria, em Lisboa a manifestação acabou numa grande feira de autonomia no Martim Moniz, em que as organizações que participaram na construção da manifestação puderam mostrar o seu trabalho, vários artistas subiram ao palco para dar poesia ao movimento e até foi servida uma sopa quente aos manifestantes, preparada colectivamente. Bem nos parece que não arrefecerá e que borbulha como memória de um dia de luta, ao qual se seguirão muitos mais!
Infelizmente, a festa foi também marcada pela intervenção desproporcional da polícia. Não nos surpreende que o maior empenho que o Estado emprega na questão da habitação seja na repressão de quem quer lutar por ela. Há anos que a Habita assiste invariavelmente à mobilização de forças policiais em despejos e demolições, afrontando famílias com crianças em vez de lhes garantir um tecto em que possam viver com dignidade.
No final de contas, o que não podemos ignorar é a forma como milhares de pessoas mostraram o seu descontentamento de forma avassaladora perante o estado actual das coisas, resultado de políticas que insistem em pôr o lucro acima das pessoas.
Foi a lutar nas ruas que o dia 1 de Abril marcou o início de um movimento popular organizado em defesa do direito à habitação e à cidade!
Isto é apenas o começo!